Porque crianças não precisam de alimentos para crianças
(Kids don’t need
kids’food)
Marion Nestle, uma das maiores pesquisadoras na área e
nutrição e saúde pública dos estados unidos da América, explica, em entrevista
a revista científica Childhood Obesity (Obesidade
na infância), o motivo pelo qual as crianças não precisam dos alimentos
produzidos e direcionados a ela.
Segundo Nestle, o marketing
de alimentos cria produtos e peças publicitárias com o intuito de fazer com que
a criança acredite que determinado alimento foi feito exclusivamente para ela.
Além disso, leva as crianças a acreditar que elas sabem mais sobre o que
deveriam comer do que seus próprios pais. Soma-se a isso a pressão dos colegas
que é um fator crítico para as escolhas de alimentos na infância. As crianças e
adolescentes tendem a escolher para comer aqueles produtos que são aceitos pelo
grupo.
Os alimentos direcionados as crianças são, em geral,
ultra processados, e contém teores excessivos de sal, açúcar e gorduras,
resultando em produtos de alta palatabilidade e baixo valor nutricional. Além
disso, aparecem vinculados a personagens e brindes, aumentando a atração e o
desejo das crianças pelo produto.
Marion Nestle complementa “As
crianças não precisam de alimentos direcionados a elas. Se os adultos estão
tendo uma alimentação saudável, as crianças devem comer o mesmo que eles comem.
Ensine as crianças a comer comida de verdade, e assim elas farão por toda a
vida“.
Por isso, estratégias capazes de tornar alimentos frescos
mais acessíveis e mais atrativos parecem ser capazes de estimular o consumo. O
acesso pode ser facilitado, por exemplo, com iniciativas governamentais para a
redução do preço dos alimentos frescos e para o aumento da oferta desses
alimentos na alimentação escolar.
Surgem iniciativas ao redor do mundo com o intuito de tornar
esses alimentos mais atrativos vinculando alimentação saudável, infância e
diversão. É o caso do desenho animado português Nutri Ventures que surge, em 2012, com o intuito de enfrentar a
pandemia de obesidade infantil e chega, em 2013, ao Brasil. O objetivo é criar,
através do entretenimento, um ambiente positivo em torno do tema alimentação
saudável.
O desafio de tornar a alimentação das crianças mais saudável
depende de pais, escolas, profissionais de saúde, governo e indústria de
alimentos. Somente esforços conjuntos serão capazes de retomar a comida como
afeto, sabor e prazer.
Entrevista
complete Marion Nestle: http://online.liebertpub.com/doi/pdfplus/10.1089/chi.2012.0085.nest