A obesidade caracteriza-se por uma desordem
complexa e multifatorial, na qual o indivíduo possui uma ingestão calórica
acima do gasto energético, por um longo período de tempo. Trata-se de uma
desordem metabólica que gera complicações psicológicas, clínicas e sociais.
Faz-se importante também,
diferenciar os termos sobrepeso e obesidade, que muitas vezes, são utilizados
como sinônimos. O sobrepeso se caracteriza pelo aumento exclusivo de peso e a
obesidade representa o aumento da adiposidade
corpórea. A obesidade é uma enfermidade crônica que se caracteriza pelo
acúmulo excessivo de gordura a um nível tal que a saúde seja comprometida.
O
aumento da prevalência da obesidade decorre da mudança dos hábitos alimentares
durante os últimos anos. Os padrões nutricionais se modificam ao longo do tempo
e estão relacionados às questões sociais, econômicas e demográficas de cada
sociedade. O século XX ficou marcado por
uma intensa transição nutricional, sobretudo relacionada ao estilo de vida
urbano-industrial, caracterizado pela vida corrida com tempo para elaborar a
própria alimentação. Esta é rica em gorduras, carboidratos refinados e sódio e
pobre em fibras e micronutrientes essenciais.
A transição nutricional mencionada anteriormente está
promovendo uma inversão no perfil alimentar da população dos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil: nos últimos 20 anos, a obesidade está
superando a desnutrição. Porém, da mesma forma que desnutrição traz problemas,
a obesidade vem acompanhada de uma série de doenças que prejudicam a qualidade
de vida e constituem uma ameaça a ela. Dentre as principais comorbidades
associadas à obesidade, destacam-se:
- Risco cardiovascular: a
mortalidade associada à obesidade decorre de lesões no sistema vascular. Embora
a obesidade seja um fator de risco independente para doença cardiovascular, é
importante destacar que há uma forte relação entre obesidade e elevação da
pressão arterial, juntamente com as dislipidemias e intolerância à glicose.
- Dislipidemias: há
uma grande prevalência de hipertrigliceridemia e baixos níveis do bom
colesterol, o HDL (lipoproteína de alta densidade) em pessoas obesas.
Alterações no perfil metabólico de obesos se tornam mais evidentes em
indivíduos com acúmulo elevado de gordura intra-abdominal, constituindo um
aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Desta forma, o
monitoramento das dislipidemias torna-se primordial.
- Diabetes: a massa corpórea é
considerada um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes. Segundo a
Comissão Nacional do Diabetes dos EUA,
o risco de desenvolvimento da doença é duas vezes maior em obesos leves, 5
vezes maior em obesos moderados e de dez vezes maior em obesos mórbidos. A
obesidade contribui significativamente para a incidência de intolerância à
glicose.
- Resistência à insulina: a
resistência à insulina ocorre na maioria dos pacientes que apresentam
intolerância à glicose ou em indivíduos com diabetes tipo 2 e em cerca de 25%
dos indivíduos não obesos com tolerância à glicose normal.
- Hipertensão arterial: um
estudo realizado por Framingham (1983),
concluiu que em 70% dos casos de hipertensão em homens e em 61% nas mulheres
puderam ser diretamente atribuídos à obesidade. Segundo o mesmo estudo, para
cada quilograma de peso aumentado, a pressão sistólica eleva-se em média 1
mmHg.
- Síndrome metabólica: a
síndrome metabólica, que inclui a resistência à insulina, intolerância à
glicose, hiperinsulinemia, aumento da lipoproteína de muito baixa densidade,
diminuição de lipoproteínas de alta densidade e hipertensão arterial constitui
um importante papel no desenvolvimento de doenças cardiovasculares em
obesos. A
obesidade central com acúmulo de gordura visceral abdominal e sua relação com a
resistência periférica à insulina é o maior fator de risco para o surgimento do
diabetes tipo 2 e outras comorbidades.
O índice de Massa Corporal (IMC) é o indicador
epidemiológico para o diagnóstico do sobrepeso e da obesidade. Os pontos de
corte para adultos são identificados com base na associação entre IMC e doenças
crônicas ou mortalidade. Abaixo, a tabela adaptada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo
o Relatório Técnico 916 da OMS sobre
Alimentação Saudável, Atividade física e Saúde há provas científicas de que as
pessoas podem manter-se saudáveis e evitando
inúmeras doenças associadas à obesidade se tiverem uma alimentação
saudável associada à prática regular de atividade física, sendo esta uma
valiosa estratégia para melhorar a qualidade de vida da população.
REFERÊNCIAS
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Global - Alimentação Saudável,
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