quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A OBESIDADE E SUAS COMPLICAÇÕES


      
        A obesidade caracteriza-se por uma desordem complexa e multifatorial, na qual o indivíduo possui uma ingestão calórica acima do gasto energético, por um longo período de tempo. Trata-se de uma desordem metabólica que gera complicações psicológicas, clínicas e sociais.
Faz-se importante também, diferenciar os termos sobrepeso e obesidade, que muitas vezes, são utilizados como sinônimos. O sobrepeso se caracteriza pelo aumento exclusivo de peso e a obesidade representa o aumento da adiposidade  corpórea. A obesidade é uma enfermidade crônica que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura a um nível tal que a saúde seja comprometida.
           O aumento da prevalência da obesidade decorre da mudança dos hábitos alimentares durante os últimos anos. Os padrões nutricionais se modificam ao longo do tempo e estão relacionados às questões sociais, econômicas e demográficas de cada sociedade.  O século XX ficou marcado por uma intensa transição nutricional, sobretudo relacionada ao estilo de vida urbano-industrial, caracterizado pela vida corrida com tempo para elaborar a própria alimentação. Esta é rica em gorduras, carboidratos refinados e sódio e pobre em fibras e micronutrientes essenciais.  
  
         
         A transição nutricional mencionada anteriormente está promovendo uma inversão no perfil alimentar da população dos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil: nos últimos 20 anos, a obesidade está superando a desnutrição. Porém, da mesma forma que desnutrição traz problemas, a obesidade vem acompanhada de uma série de doenças que prejudicam a qualidade de vida e constituem uma ameaça a ela. Dentre as principais comorbidades associadas à obesidade, destacam-se:

- Risco cardiovascular: a mortalidade associada à obesidade decorre de lesões no sistema vascular. Embora a obesidade seja um fator de risco independente para doença cardiovascular, é importante destacar que há uma forte relação entre obesidade e elevação da pressão arterial, juntamente com as dislipidemias e intolerância à glicose.

- Dislipidemias: há uma grande prevalência de hipertrigliceridemia e baixos níveis do bom colesterol, o HDL (lipoproteína de alta densidade) em pessoas obesas. Alterações no perfil metabólico de obesos se tornam mais evidentes em indivíduos com acúmulo elevado de gordura intra-abdominal, constituindo um aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Desta forma, o monitoramento das dislipidemias torna-se primordial.

- Diabetes: a massa corpórea é considerada um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes. Segundo a Comissão Nacional do   Diabetes dos EUA, o risco de desenvolvimento da doença é duas vezes maior em obesos leves, 5 vezes maior em obesos moderados e de dez vezes maior em obesos mórbidos. A obesidade contribui significativamente para a incidência de intolerância à glicose.

- Resistência à insulina: a resistência à insulina ocorre na maioria dos pacientes que apresentam intolerância à glicose ou em indivíduos com diabetes tipo 2 e em cerca de 25% dos indivíduos não obesos com tolerância à glicose normal.

- Hipertensão arterial: um estudo realizado por Framingham  (1983), concluiu que em 70% dos casos de hipertensão em homens e em 61% nas mulheres puderam ser diretamente atribuídos à obesidade. Segundo o mesmo estudo, para cada quilograma de peso aumentado, a pressão sistólica eleva-se em média 1 mmHg.

- Síndrome metabólica: a síndrome metabólica, que inclui a resistência à insulina, intolerância à glicose, hiperinsulinemia, aumento da lipoproteína de muito baixa densidade, diminuição de lipoproteínas de alta densidade e hipertensão arterial constitui um importante papel no desenvolvimento de doenças cardiovasculares em obesos.       A obesidade central com acúmulo de gordura visceral abdominal e sua relação com a resistência periférica à insulina é o maior fator de risco para o surgimento do diabetes tipo 2 e outras comorbidades.

O índice de Massa Corporal (IMC) é o indicador epidemiológico para o diagnóstico do sobrepeso e da obesidade. Os pontos de corte para adultos são identificados com base na associação entre IMC e doenças crônicas ou mortalidade. Abaixo, a tabela adaptada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

                  
          Segundo o  Relatório Técnico 916 da OMS sobre Alimentação Saudável, Atividade física e Saúde há provas científicas de que as pessoas podem manter-se saudáveis e evitando  inúmeras doenças associadas à obesidade se tiverem uma alimentação saudável associada à prática regular de atividade física, sendo esta uma valiosa estratégia para melhorar a qualidade de vida da população.


REFERÊNCIAS

BANNA, I. M. C. Obesidade. Disponível em http://clinicaendocrino.site.med.br/index.asp?PageName=Obesidade.

CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2. ed. rev. e ampl. Barueri, SP: Manole, 2005.

GENTIL, P.C. Estratégia Global - Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde. Disponível em http://www.hub.unb.br/ensino/estrategiaglobal_200905.pdf. Acesso em 10 abr 201

SCHNEIDER, A. P. Nutrição Estética. São Paulo: Ed. Atheneu, 2009.

TARDIDO, A. P.; FALCÃO, M. C. O impacto da modernização na transição nutricional e obesidade. Rev Bras Nutr Clin [on line].  2006; 21(2):117-24. Acesso em 18 jun 2010.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

USO DE MEDICAÇÃO PARA PERDA DE PESO!!!






Victoza é o nome comercial do medicamento liraglutida, lançada no Brasil em 2010 e aprovado pela Anvisa como medicamento para controle de diabetes tipo 2, porém ele esta sendo utilizado por muitas pessoas na busca da perda de peso.
A liraglutida é semelhante ao hormônio glucagom (GLP-1) que é  produzido pelo intestino e estimula a secreção de insulina, inibe a liberação de glucagom de forma de glicose dependente e desta forma ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue aumentando a quantidade de insulina liberada pelo pâncreas em resposta ao alimento.
Alguns estudos mostram que além do controle glicêmico nos paciente diabéticos tipo 2 tratados com liraglutida, eles também apresentaram perda de peso, redução da gordura corporal e diminuição da sensação de fome e consequentemente menor ingestão alimentar.
No Brasil é grande o uso off label deste medicamento ( uso para uma finalidade não incluída na bula do produto), principalmente por pessoas que buscam a perda de peso, e a Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) já se manifestou  alertando que não existe indicação para esta finalidade, e também não foram apresentados estudos que comprovem sua eficácia ou segurança para redução de peso e obesidade.
Portanto maiores estudos devem ser realizados verificando a segurança e eficácia deste medicamento antes de ser usado para perda de peso e controle da obesidade.


Referencias

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (Brasil). Anvisa esclarece questões sobre indicação e segurança do medicamento Victoza (Liraglutida). Informe SNVS/Anvisa/Nuvig/GFARM nº 07, de 06 de setembro de 2011.

Ampudia-Blasco FJ, Calvo GC, Cos Claramunt JX, Garcia AJ, Jodar GE, Mediavilha BJJ, Navarro J, et al. Liraglutida en el tratamiento de la diabetes tipo 2: recomendaciones para una mejor selección de los pacientes, desde una visión multidisciplinar. Av en Diabetol. 2010; 26: 226-234.

Astrup A, Stephan R, Luc VG, Aila R, Leo N, Mazin AH, et al. Effects of liraglutide in the treatment of obesity: a randomised, double-blind, placebo-controlled study. Lancet 2009; 374: 1606–1616.

Morgana Prá
Nutricionista – CRN10-2202
Consultora SANNUTRI
Especialista em Nutrição Clinica
Mestranda em Ciências da Saúde- UNISUL

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Propriedades e benefícios da Semente de chia


Propriedades e benefícios da Semente de chia


            A cada semana surgem novidades sobre alimentação saudável e seu efeito na saúde humana. A semente de Chia é o novo destaque, porém há indícios de que esta planta pertencente à família da Sálvia já era utilizada há centenas de anos. Mesmo sem saber exatamente quais as propriedades que a compunham, as sementes ovais e pequenas de coloração variada (preta, marrom escura, branca ou cinza), eram utilizadas como fonte de energia na alimentação de indígenas americanos, como um alimento de sobrevivência em situações de extremo frio e jejuns prolongados para os Maias e Astecas e utilizada na medicina na prevenção e tratamento de doenças, além de serem entregues como oferenda aos deuses em cerimônias religiosas.
Mas por que sendo tão poderosa essa semente foi deixada de lado? Com a colonização espanhola muitos costumes, assim como a chia foram banidos. Porém, com o passar dos anos e com a imensa busca por alimentos com benefícios a saúde, a Chia foi resgatada. Vários estudos comprovam seu benefício com relação ao controle do peso corporal, manutenção do colesterol, dos níveis de açúcar no sangue, e no combate aos processos inflamatórios das células.
Esses benefícios são devido a sua composição, que possui excelentes gorduras poliinsaturadas (ômega-3), grande quantidade de fibras, proteínas e alto conteúdo de antioxidantes.
O ômega-3 auxilia na redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos, reduz o estado inflamatório do organismo, e aumenta a defesa contra os radicais livres. Além disso, é o componente principal da membrana de neurônios e da retina, por isso tem efeito principalmente na concentração e aprendizado, depressão, Alzheimer, e na visão.
            Quando comparada a outras fontes ricas em ômega-3, tais como a linhaça, óleo de peixe e algas, a Chia se destaca por possuir maior quantidade deste nutriente, ser normalmente mais acessível e possuir maior aceitabilidade que os demais produtos.
A chia por si só contém grande quantidade de substâncias antioxidantes, sendo maior que as frutas vermelhas que também possuem esta capacidade. Sua composição de antioxidantes é fundamental para o controle da produção de radicais livres e para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, câncer, entre outras.
Esta poderosa semente também contém boa concentração de vitaminas e minerais, que possuem funções fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Tais como a Vitamina A, Tiamina (B1), Riboflavina (B2) e Niacina (B3) que influenciam no desenvolvimento e nas funções imunológicas, produção de energia e na função neural. Dentre os minerais, o Potássio, Cálcio, Ferro, Magnésio e Fósforo que colaboram com construção e manutenção dos ossos, músculos e neurônios; formação da hemoglobina e oxidação celular; atividades enzimáticas e metabolismo dos nutrientes.
As proteínas são formadas por aminoácidos, e tem como função a formação de hormônios, anticorpos, enzimas e componentes estruturais das células. A semente de Chia possui grande digestibilidade, que a torna uma excelente fonte vegetal de proteínas, com maior teor quando comparada a outros grãos como a quinoa, aveia, milho, amaranto, arroz, trigo e cevada.
Outro benefício da Chia é a presença de grande quantidade de fibras insolúveis e solúveis. Devido às suas funções, as fibras contribuem para uma flora intestinal saudável, tendo efeitos positivos na manutenção do sistema imunológico, ação anti-inflamatória, e regulação do intestino. Além disso, por formarem um gel e se manterem durante mais tempo no estômago, as fibras promovem a sensação de saciedade, ajudando no emagrecimento.

Uso da semente de Chia no dia a dia

A Chia pode ser encontrada como sementes, em farinha, flocos ou em óleo. Por não possuir glúten é super indicada para pessoas que possuem intolerância a esta proteína e pode ser utilizada na fabricação de pães, bolos, ou misturada com sucos, iogurte, arroz, saladas e frutas.
Mesmo com tantos benefícios antes de utilizá-la em grandes quantidades é importante consultar um Nutricionista, para que este profissional possa fornecer uma orientação adequada de sua utilização.

Referências
  • ADKINS, Y; KELLEY, D.S. Mechanisms underlying the cardioprotective effects of Omega-3 polunsaturade fatty acids, J Nutr Biochem; 21(9):781-92,2010.
  • BUENO, M et al. Análisis de la calidad de los frutos de Salvia hispanica L. (Lamiaceae) comercializados em La ciudad de Rosario (Santa Fe, Argentina). Bol Latinoam Carobe Plant Med Aromat 9(3): 221-227, 2010.
  • PASCHOAL, V; NAVES, A. Essenchia: Chia – Salvia hispânica.